GOUCHA CONFRONTA LILIANA AGUIAR: “QUANDO SOUBE DO VOSSO REATAMENTO, EU FIQUEI ESTUPEFACTO”

Liliana Aguiar esteve, esta segunda-feira, no programa de Manuel Luís Goucha, na TVI, e falou da relação com o companheiro, Francisco Nunes.

A antiga apresentadora de televisão começou por explicar o que veio fazer a Portugal: “Neste momento, vim de férias dois meses porque está muito calor no Dubai e também porque a vida profissional acaba por fazer com que eu consiga estar em Portugal, porque trabalho online. Vim casar pela igreja, vim ver o meu filho mais velho”.

Entretanto, Liliana Aguiar foi questionada acerca da polémica que envolveu algumas declarações suas sobre o marido: “Como é que se recupera um casamento depois daquilo que se passou? Portanto, como é que se recupera um casamento que, à partida, dado aquilo que foi tornado público, estava ferido? E estava ferido de morte”.

“Primeiro, eu acho que nas relações, muitas vezes, nós deixamos passar apontamentos que vão surgindo ao longo dos anos e da convivência e nós não temos noção que temos problemas desde criança e que são traumas que temos, vivências. E o Francisco trabalhava muito essa área e muitas vezes alertava-me para os traumas e, na altura, até cheguei a gozar com ele: ‘Estás sempre a falar em traumas, traumas… não há traumas nenhuns’. Mas a verdade é que, depois, como não entendia, eu fui fazer uma formação em coach para perceber o que se passava comigo, especialmente comigo e também o que é que ele fazia, na realidade como profissão”, começou por referir Liliana Aguiar.

“E o que aconteceu na nossa relação foi, basicamente, isso. Ou seja, nós somos o reflexo daquilo que eu vivi na minha adolescência e ele exatamente a mesma coisa. Eu tenho uma personalidade extremamente forte, ele idem aspas e chegámos a uma altura de rutura total”, contou Liliana Aguiar.

Quando os dois se aperceberam de que a relação que tinham se estava a tornar algo que consideravam tóxico, chegaram a pensar em fazer terapia de casal, mas concluíram, nessa altura, que não valeria a pena e que conseguiriam resolver. “Hoje em dia, acho que todos nós devíamos ter terapia individual e de casal, isto para casamentos, obviamente, e relações que estejam a passar um mau bocado. Mas um sinal de que algo possa estar a ser replicado daquilo que tu viveste, acho que nós devíamos não ter preconceito e eu acho que existe muito esse preconceito, a vergonha… mesmo hoje em dia, quando tu dizes que fazes uma terapia, ou que vais a um psicólogo ou a um psiquiatra, as pessoas têm por tendência a achar que tu estás maluco. E não és”, comentou Liliana Aguiar.

Liliana Aguiar referiu que os dois nunca tiveram “essa consciência” de que pudesse haver violência entre o casal: “Houve uma falta de respeito, sim, um pelo outro. E, sinceramente, eu achava que nunca mais na vida ia reatar a minha relação. Nunca. O Francisco era para mim daquelas pessoas que… Quando falavam dele, nesses três meses, eu pedia mesmo ‘Olha, não me falem’. Estava mesmo magoada com tudo o que se tinha passado. Ele também, depois, já tivemos oportunidade de falar, ele estava com raiva de tudo, também porque, de certa forma, a relação foi muito exposta”.

“Aliás, a nossa relação sempre foi exposta, mesmo até porque nós gostávamos de fazer os tais vídeos no YouTube e, depois, acabámos por deixar de fazer porque mudámos de casa e isso não foi a prioridade. Mas, nessa altura, as coisas estavam bem. Mas, quando nós fazíamos alguns vídeos, agora, olhando para trás, porque já fui ver alguns vídeos, notava-se que, muitas vezes, já nos estávamos a picar. Ou seja, maneiras de pensar diferentes e de estar diferentes e, depois, outra coisa que eu acho importante e digo isto pela minha relação, mas para todas as pessoas: A família, para mim, são as pessoas que vivem comigo. Neste caso, é o Francisco e são os meus filhos”, continuou Liliana Aguiar.

“Na altura, aquilo cai no domínio público, aliás, há vídeos que vão parar à Internet. Como é que esses vídeos vão parar? Foste tu que os publicaste, foi alguém que os publicou? A partir daí, a discussão da violência doméstica ganhou foros de discussão mediática”, perguntou Manuel Luís Goucha.

“Eu nunca iria publicar um vídeo, primeiro, porque, se eu quisesse falar sobre isso, na altura, não faltavam meios de comunicação para eu poder falar sobre o processo”, afirmou Liliana Aguiar, referindo que tinha enviado para “duas ou três pessoas”.

“Eu apresentei uma queixa, sim, que não foi por violência doméstica. Na altura, foi esse o grande erro, porque eu não sei das leis, agora, sei. Apresentei por abandono, quando alguém abandona o lar é violência doméstica e eu não fazia ideia. Então, a queixa que eu fiz foi por abandono ao lar”, clarificou Liliana Aguiar, acrescentando que, “depois, levou uma proporção muito grande”.

Liliana Aguiar especificou que recebeu várias mensagens de mulher que “estavam mesmo a sofrer de violência doméstica” e que as aconselhou da melhor maneira que achou: “Eu sei que as pessoas, muitas vezes, quando falam em violência doméstica, nós mesmo associamos a espancamentos e é o que acontece a muitas infelizmente, mas eu fazia questão de quase que contava a minha vida a essas pessoas para entenderem que não foi o maltratar as mulheres. Eu nunca quis que isto fosse uma coisa pública”.

Em relação ao porquê dos vídeos que enviou para algumas pessoas em particular, Liliana Aguiar relatou: “O facto de saberes que tens uma pessoa ao pé que nunca vai admitir que está em erro, porque é um padrão… Se é um padrão, nunca vai admitir que aquilo é uma coisa errada. Para ele ver: ‘Olha, viste como isto aconteceu?’”.

“Por mim, era tão fácil eu dizer assim: ‘Olha, eu quero dar uma entrevista’. E daria, mas para quê? Tipo, não fazia muito sentido. Até porque, antes de eu pensar nas mulheres, com todo o respeito, eu tinha de pensar era na minha vida privada, que ia ser completamente devassada, aberta, que toda a gente podia opinar. E, depois, existe sempre o ponto acrescenta mais um ponto e depois vem a vírgula e depois já vem o ponto de interrogação o ponto de exclamação”, expôs Liliana Aguiar.

Sobre um vídeo que foi partilhado, na altura, Liliana Aguiar sublinhou que achava que não iria ser publicado e ficou “triste” quando viu que estava a circular: “Obviamente, a maior culpada disto tudo fui eu e o Francisco, ponto. As únicas pessoas aqui que foram crucificadas foi a minha família. Tudo o resto é um bocadinho tempo de antena e conteúdo, que eu respeito o trabalho de todas as pessoas”.

“Estamos a falar de algo muito sério que é violência doméstica. Há milhares e milhares de mulheres e há muitos homens vítimas de violência doméstica e uma bofetada que seja é um ato para agredir o outro”, interpelou Manuel Luís Goucha. “Em Portugal, acho que estamos muito longe de ter uma lei que possa realmente ajudar mulheres que realmente sofrem de violência doméstica e deveria de haver uma lei que especificasse muito bem as coisas”, considerou Liliana Aguiar.

“Mas agora explica-me lá como é que se recupera um casamento em que falta respeito pelo outro? Porque, quando tu dás uma bofetada, tu já disseste que deste-lhe uma bofetada, ele também deu a ti, pronto, não interessa quem deu a quem, quantas deram, não interessa para aqui, o que me interessa é como se recupera o respeito que, entretanto, se perde pelo outro?”, quis saber ainda Manuel Luís Goucha. “Eu devo dizer-te que, quando soube do vosso reatamento, eu fiquei estupefato e pensei assim ‘Mas a Liliana está a prestar um péssimo serviço às mulheres vítimas de violência doméstica’. Eu tinha de te dizer isto assim frontalmente porque eu gosto de ti”, confessou ainda o comunicador.

“Acredito que as pessoas possam realmente pensar isso e sei que há muitas mulheres a sofrer de violência doméstica e que, infelizmente, são espancadas e, depois, têm ainda uma coisa que é muitas gostam do violador, muitas gostam do agressor. Então, o que aconteceu aqui foi termos uma conversa”, respondeu Liliana Aguiar.

“Na altura, eu estava em casa com os meus dois filhos, lembro-me como se fosse hoje, e o Francisco ligou-me. Na altura, eu atendi, meio que agressiva a dizer: ‘Mas porque é que estás a ligar?’. Ele foi lá a casa ter, porque a casa também era dele, e passámos a noite toda só a chorar, não tínhamos conversa. Chorámos, chorámos, chorámos e eram cerca de seis da manhã, olhámos um para o outro e dissemos: ‘O que é que nós fizemos?’. Porque foi realmente algo que, se calhar, já aconteceu em muitos casais, porque eu acredito que há muitos casais que, na realidade, vivem numa mentira”, acrescentou Liliana Aguiar.

“E eu acho que Deus, até nisto, foi bom comigo, que é: aquilo que, supostamente, era uma mentira, porque, na realidade, o meu casamento nunca foi totalmente feliz, acredito que o da maior parte das pessoas não seja, mas falo por mim. Nunca foi totalmente feliz porque havia sempre coisas, havia sempre problemas de terceiros que nos prejudicaram muito, muito, mas, seja como for, pensámos: temos uma família. São cinco crianças que, na realidade, sempre foram felizes connosco”, recordou Liliana Aguiar.

“Ou seja, se ainda existia amor, se houve uma das brigas que realmente passou do limite, então, vamos procurar ajuda, porque também confesso: só nós os dois era impensável. E entra aí, finalmente, a terapia de casal”, lembrou Liliana Aguiar, indicando que “correu muito bem”.

“Na primeira sessão, ele percebeu logo qual era o problema do Francisco, qual era o meu e o que nós tínhamos de fazer para, em primeiro, nos perdoar, porque tem de haver um perdão de parte a parte, porque eu sei que também errei muito. Ele errou muito, mas eu também errei porque eu também sou uma mulher extremamente impulsiva com a minha maneira de estar. Vim de um passado em que vi sempre muita violência, não só dentro do meu seio, mas também externa. Portanto, decidimos: olha, a partir de agora, são cinco coisas que temos de escrever que não podem acontecer mais e assim foi”, indicou também Liliana Aguiar, contando que começaram por ter terapia “todas as semanas”.

Hoje em dia, Liliana Aguiar aconselha “vivamente” a fazerem terapia de casal e quer continuar com as sessões, mais espaçadas no tempo: “É uma coisa que eu gosto porque eu dizer ao Francisco que ele está errado é diferente do que outra pessoa poder dizer assim ‘Você não esteve muito bem nesse comentário ou nessa atitude’. Porque ele não vê como forma de ataque, ainda por cima, é um homem a falar”.

“Portanto, à partida… se fosse uma mulher, até podia dizer que as mulheres ajudam-se todas ou quase que têm todas a mesma maneira de estar e de pensar. A partir do momento em que há um homem aqui que equilibra… É quase como uma conversa a três. O que é que se passou durante esta semana? Qual foi o momento em que vocês sentiram, se calhar, mais nervosismo. Aconteceu esta situação e tu tens um terapeuta que descodifica e também pode ir contra mim, então, aí, depois, a seguir existe uma conversa entre o casal”, explicou Liliana Aguiar.

Liliana Aguiar afirmou que, atualmente, já não existem episódios agressivos entre os dois: “Obviamente que existe sempre discussão e muitas delas nós até fazemos questão de as conversar à frente dos filhos, porque tem de haver educação. Para mim, regra é amor e uma das coisas que eu e o Francisco discutíamos muito era para ele, darmos tudo, tudo, dar tudo aos filhos e regras havia poucas e eu sou o contrário. Eu fui criada em regra e criada em amor, talvez um bocadinho falta dele, às vezes”.

“Na nossa relação, uma das coisas que foi crucial é: não vale a pena aumentar o tom porque o aumentar o tom, dentro de cada um de nós, já é uma agressividade. Então, esse foi o trabalho que nós fizemos na terapia, que é conversar. Por muita coisa que eu não concorde, tenho de respirar e saber que o tom não pode passar dali, porque à pessoa que o receber vai achar que eu estou a ser agressiva e vice-versa”, exemplificou ainda Liliana Aguiar.

Veja aqui, aqui e aqui uma parte da conversa.

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