TED LASSO, TERCEIRA TEMPORADA EM ANáLISE
Depois de uma emissão de três anos exímia, "Ted Lasso" despede-se com um até já ou um até sempre. Recuperamos os eventos da terceira (e aparentemente última) temporada da grande comédia 'desportiva' da Apple TV+.
Nota: o artigo contém SPOILERS relativos à 3ª temporada da série.
"Ted Lasso" chegou à cena da televisão por streaming em 2020, em pleno período de pandemia e conquistou os nossos corações. Tornou-se, rapidamente, a série original mais popular e reconhecível da Apple TV+, um serviço que ainda hoje procura afirmar-se enquanto produtor de conteúdos originais. Existem séries que prometem, desde o primeiro momento, captar a nossa atenção, mente e corações. Ora, "Ted Lasso" não é um desses exemplos, longe disso.
Originalmente, Jason Sudeikis ("Saturday Night Live") interpretou esta personagem em 2013, como parte da cobertura da NBC Sports da Premier League britânica. Neste sketch publicitário, intitulado "An American Coach in London", Ted Lasso, um americano 'campónio' é anunciado como o novo treinador do Tottenham Hotspur F.C. Anos depois, ninguém imaginaria que Sudeikis iria acabar por revisitar esta personagem, dedicando-lhe a sua própria série original.
E embora o sketch original contenha várias piadas que foram reutilizadas para a série, e já vejamos aqui o nosso querido e excêntrico Coach Beard (Brendan Hunt), a verdade é que o Ted desta pequena publicidade foi apenas a chama para a criação da personagem complexa que hoje, 31 de maio, se despediu de nós na Apple TV+.
Um conteúdo de sucesso, vencedor (até agora) de 11 Prémios Emmy, "Ted Lasso" pega na premissa mais simples do mundo: "um treinador de futebol americano amador é contratado para treinar uma equipa da Primeira Liga de futebol britânico e que não sabe nada sobre o desporto", e torna-a no veículo para uma das comédias mais emotivas, francas e belas de toda a história da televisão.
Ted Lasso é um daqueles personagens, dos que ficam connosco. Nada previa que a série durasse apenas três temporadas, mas os escritores e produtores assim o decidiram. Esta última temporada foi sempre referida, em talkshows e outras aparições oficiais, como "talvez a última". Apesar de termos um claro encerrar da maioria das linhas narrativas, a verdade é que a história foi deixada num ponto que nos permite sempre regressar para mais. Além disso, não descartamos a hipótese de um spin-off. Por exemplo, quem não estaria disposto a ver um conteúdo do mesmo universo, liderado por Brett Goldstein como Roy Kent?
Quanto ao final, como todos os bons finais, foi emotivo e ao mesmo tempo agridoce. O jogo de futebol final deu-nos exatamente a descarga de energia e emoção necessária, e pouco importa se duvidamos do 'quadro pintado' - um grupo de futebolistas a começar uma final do campeonato a chorar ou a despedirem-se do seu treinador com um número musical. Pouco importa porque estamos no belíssimo mundo de "Ted Lasso", um mundo repleto de empatia, segundas oportunidades, amizade e franqueza. Um mundo onde até aqueles que não gostam de futebol não terão como não se preocupar com o destino do AFC Richmond, um clube fictício para sempre gravado no coração de todas as pessoas que tenham visto e amado "Ted Lasso".
É este enredo complexo? Não, na realidade não, a história de "Ted Lasso" é, do início ao fim, extremamente simples. Todavia, as suas emoções são incrivelmente complexas, à medida que a série conseguiu, com sucesso, desmontar as dinâmicas de balneário, semear aceitação e calor humano. Fê-lo no que diz respeito a matérias de saúde mental, fé-lo nesta última temporada com a narrativa do jogador Colin Hughes (Billy Harris), que ganha aqui maior protagonismo e tem direito a sair do armário com apoio notável por parte da sua equipa.
Esta terceira temporada de "Ted Lasso" não beneficiou da mesma validação unânime por parte dos críticos de televisão, isto devido a algumas opções um pouco contestáveis. Em primeiro lugar, os doze episódios da série foram bem mais longos que nas temporadas passadas, com vários capítulos a ultrapassar a marca da 1h00 de duração. Por outro lado, certos enredos secundários acabaram por não resultar da melhor forma, sendo exemplos disso o triângulo romântico ente Keeley, Roy e Jamie (Phil Dunster). O final da relação entre Keeley e Roy foi justificado apenas com "estarem ocupados" e com as inseguranças de Roy, sem que nunca verdadeiramente fossemos capazes de perceber como é que tal aconteceu. Além disso, a brevíssima relação de Keeley com a sua chefe pareceu um tapa buracos ou um enredo de "encher chouriços". Foi e veio como o vento e pouco contou para o arco geral.
Além disso, nem no final da temporada vimos Keeley e Roy a retomarem a sua relação, para certamente desgosto de muitos fãs. Também Rebecca (Hannah Waddingham) e Ted nunca deram o tal passo em frente, sendo que Rebecca conseguiu o seu "felizes para sempre", mas ao lado de uma personagem que pouco ou nada diz ao espectador e que apenas conhecemos no decurso de um dos episódios - o passado em Amesterdão.
E algumas decisões mais duvidosas à parte, também existiu muito para amar nesta última temporada da série, como por exemplo a bela amizade entre Jamie e Roy ou todo o arco de redenção de Nate (Nick Mohammed ), o qual aguardávamos com um fervor notável. Com as desculpas pedidas e o amor encontrado, é certo que recebemos o Miúdo-Maravilha, já mais adulto, de volta com os braços bem abertos. Outros apontamentos deliciosos incluem a 'trip' de Ted num restaurante americano, a viagem do clube a Amesterdão para um jogo amigável, ou ainda a visita de Jamie à casa da sua mãe em Manchester.
"Ted Lasso" despede-se com uma temporada menos consensual mas igualmente repleta de pequenas pérolas, e mesmo com Ted de regresso aos Estados Unidos, como sempre soubemos que iria acontecer mais tarde ou mais cedo, é certo afirmar que a equipa dos Galgos tão depressa não vai abandonar os nossos corações. Apenas esperamos voltar a ver este gangue num futuro próximo, à medida que nos despedimos com olhos lavados de lágrimas.
TRAILER | A TEMPORADA FINAL DE TED LASSO ESTÁ DISPONÍVEL, NA APPLE TV+
https://www.youtube.com/watch?v=IR9yjn7Lkdg
Ted Lasso, terceira temporada em análise | |||
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| Maggie SIlva 80 | |||
CLASSIFICAÇÃO FINAL: 80 | |||
CONCLUSÃO:Na sua terceira temporada, "Ted Lasso" continuou a aprofundar a personalidade e reforçar as provações de várias das suas personagens centrais, de Colin ao amoroso Sam Obisanya (Toheeb Jimoh). Podíamos argumentar que os episódios foram excessivamente longos, mas o reverso da medalha é que tal nos permitiu conhecer os jogadores da equipa muito melhor - mesmo a tempo de dizer adeus. |
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