HORIZON: UMA SAGA AMERICANA – CAPíTULO 1, A CRíTICA | UM REGRESSO TRIUNFAL DE KEVIN COSTNER AO WESTERN

Cerca de 35 anos depois de “Danças com Lobos”, o ator-realizador Kevin Costner regressa com um extraordinário e extenso western épico intitulado “Horizon: Uma Saga Americana - Capitulo 1”, um filme estendido a mais de três horas e que será o primeiro de vários, que completam uma longa narrativa sobre o nascimento da ‘nação americana’ e a colonização do Velho Oeste.  Estreia na próxima quinta, 4 de julho.

Kevin Costner regressou ao género que ajudou de certa maneira a definir essa sua paralela carreira como realizador, com a estreia deste “Horizon: Uma Saga Americana - Capítulo 1”, mais um épico sobre a conquista do Oeste que promete cativar audiências, para já com uma narrativa envolvente e paisagens deslumbrantes. Recorde-se que Costner lançou-se como realizador e ator ao mesmo tempo, também num western épico, bem ao estilo dos melhores clássicos de Hollywood: Danças com Lobos (1990), filme que lhe valeu surpreendentemente, 12 nomeações e 7 Oscar, entre eles de Melhor Filme e Melhor Realizador, no ano seguinte à sua estreia nas salas. Este seu filme contava a história solitária de um soldado americano que no posto mais remoto da conquista do Oeste é adoptado por uma tribo de índios Sioux.

Porém esta obra emblemática no contexto dos western modernos que chegaram às séries de televisão — como por exemplo “Yellowstone” (2018) —, foi concebida apena como um único filme, longo é certo de 173 minutos). Em relação a esta longa narrativa “Horizon: Uma Saga Americana”, parece haver já dois filmes prontos (o próximo estreia a 22 de agosto), possivelmente três ou talvez até pode seguir-se um quatro, se tudo correr bem em termos de box office e houver financiadores. A ver pelo menos por estar “Capítulo 1”, estes filmes serão certamente, mais uma prova do talento de Costner, tanto na frente como atrás das câmaras, trazendo-nos um toque de autenticidade e paixão que só um verdadeiro amante dos western poderia oferecer.

Todos os caminhos vão dar a Horizon

“Horizon: Uma Saga Americana - Capítulo 1” narra precisamente a primeira parte de uma saga de um grupo de pioneiros que desbravam o território inexplorado do Oeste americano durante o século XIX, entre o o início e o fim da Guerra Civil Americana (1961-65). Extraordinariamente bem filmado, com um domínio hábil dos detalhes da época, aliás como “Danças com Lobos” e um grande elenco — Sienna Miller (“Sniper Americano“, 2014)Sam Worthington (“Avatar“, 2009 e “Avatar – O Caminho da Água“, 2022)Jena Malone (“Amor e Sangue”, 2024), Abbey Lee (“Mad Max - Estrada da Fúria”, 2019)— a história desta saga centra-se em múltiplas personagens — incluindo a interpretada pelo próprio Costner — cujas vidas se entrelaçam aos poucos enquanto enfrentam os desafios e os perigos de um ambiente selvagem e indomável, tentando uma nova vida numa terra que não lhes pertencia; e onde muitos, entre mulheres e crianças perderam a vida devido aos ataques dos indígenas americanos. Trata-se de uma celebração ou uma tragédia à moda antiga desse espírito pioneiro e corajoso, através de um conjunto de histórias que parecem à partida nada terem a ver umas com as outras.

Na verdade, toda a história dos EUA, está assente em actos de grande violência, porém estas histórias, afinal preveem um fio narrativo único, pois são dedicadas a uma pequena comunidade, uma pequena ‘Primeira Nação Americana’, que vai chamar-se ou melhor fixar-se precisamente em Horizon. Se compararmos com o reflexivo e linear “Open Range” (2003), outro grande western de Kevin Costner, corremos o risco de ser influenciados pelas estranhas e abruptas mudanças, entre as várias histórias deste filme, que já sabemos que vão ter continuidade, mas que à partida não são assim tão evidentes. São introduzidas quatro vertentes centrais na narrativa, com subtítulos, sendo que apenas a primeira tem uma data precisa: San Pedro Valley, 1859. Porém, todos os personagens parecem girar em torno de um único destino: o assentamento de Horizon, um lugar fictício, localizado em pleno território nativo americano. Costner aparece — não muitas vezes é um facto, pelo menos neste primeiro capítulo — como Hayes Ellison, um misterioso e solitário pistoleiro, condutor de caravanas, tirado um pouco dos clássicos personagens de Clint Eastwood.

Os bons, os maus e os feios

Em “Horizon: Uma Saga Americana - Capítulo 1”, depois vamos conhecer a figura mais interessante do filme — um pistoleiro brutal e arrogante muito bem interpretado por Jamie Campbell Bower — enquanto Hayes (Kostner) vai fugir com a bela e atrevida Marigold (Abbey Lee), também em direção, decerto a alguma convergência com as outras histórias que aí veem ou “cenas dos próximo capítulos”. A história final desta primeira parte da saga é um exemplo perfeito de como este filme transita entre o fascínio e uma certa frustração de querermos mais, depois de 3 horas e 1 minuto de duração: seguimos uma carroça de uma caravana, em direção a Santa Fé, no oeste do Kansas, prestes a começar a perigosa travessia do árido deserto de Cimarron.

Uma das carroças pertence a um refinado jovem casal britânico (Ella Hunt e Tom Payne), que também querem ir para Horizon. O próprio Horizon é uma paisagem lindíssima, com uma árvores as montanhas em fundo e um rio com um razoável caudal — o diretor de fotografia J Michael Muro aproveita ao máximo as paisagens no formato widescreen — fornecendo também o pano de fundo para uma das mais emocionantes sequências de ação e tiroteio, ambientada, num pequeno paraíso e depois em grande parte dentro da cabana de madeira da jovem família de colonos Kittredge (Miller é Frances a viúva sobrevivente), durante um ataque Apache, que se vai transformar num massacre em grande escala, como já vimos em muitos outros filmes do oeste.

Vê Trailer de "Horizon: Uma Saga Americana - Capítulo 1"

Pode-se dizer, que esta cena terrível está ao mesmo nível do tiroteio final de “Open Range”, porém aqui Costner incorpora a tensão dramática, com um certo realismo: as balas que falham durante o carregamento por causa da humidade, os túneis de fuga não têm aberturas para respirar. Cabe ao gentil tenente do Exército dos EUA, interpretado por Sam Worthington corrigir a narrativa dos bons e maus, dizendo aos sobreviventes do massacre, que não foram autorizados por ninguém a estabelecer-se naquele lugar, que na verdade é território “índio”, numa politicamente correcta afirmação de verdade da histórica: os verdadeiros americanos são os indígenas e os colonos é que invadem as suas terras.

Depois, Worthington elegante e muito mais refinado que os restantes personagens, serve principalmente como pretendente de uma dessas sobreviventes, precisamente a resistente e bela viúva Frances Kittredge, (interpretada por Sienna Miller), que faz o possível para dar algum peso emocional a um papel que é também sem dúvida, os velhos clichês dos western: a esposa (Miller) e a puta Marigold (Lee), realçando também o importante papel das mulheres na conquista do Oeste.

As paisagens deslumbrantes do Oeste

Há ainda uma notável perseguição a cavalo filmada ao luar de um rapazinho sobrevivente — que deve certamente crescer como personagem na saga — perseguido pelos Apaches e uma montagem apressada de novas cenas mais ou menos aleatórias que servem como um código para as tais ‘cenas dos próximos capítulos’; além disso também servem para nos consolar das 3 horas sentados, sem perceber muito bem onde aquilo vai parar e esperando que o realizador Kevin Costner tenha muito mais para nos contar nos próximos capítulos, para chegarmos a alguma conclusão.

Como já disse acima a direção de fotografia de J Michael Muro, em “Horizon: Uma Saga Americana - Capítulo 1” é simplesmente deslumbrante. As vastas paisagens do Oeste são capturadas com uma beleza arrebatadora, fazendo uso de planos amplos que sublinham a grandiosidade do cenário. Por sua vez a banda sonora, composta por John Debney, complementa perfeitamente a atmosfera do filme, realçando momentos de tensão e emoção com composições envolventes. Não temos outro remédio do que esperar por mais histórias que construíram a ‘lenda americana’. À espera ate 22 de agosto!

Horizon: Uma Saga Americana-Capitulo 1, em crítica

Título: Horizon: An American Saga-Chapter 1
Descrição: Um história épica que explora a atração pelo Velho Oeste e como ele foi conquistado através de muito sangue, suor e lágrimas de muitos pioneiros onde se incluíam muitas mulheres e crianças. Abrangendo os quatro anos da Guerra Civil, de 1861 a 1865 este Primeiro Capítulo dá início a uma viagem emocional por um país em guerra consigo mesmo, vivida através do olhar de famílias, amigos e inimigos, todos a tentarem descobrir o que realmente significa ser os EUA, como nação.
Realizador: Kevin Costner
Elenco: Kevin Costner, Abbey Lee, Sienna Miller
Género: Drama, Western
José Vieira Mendes 50

CLASSIFICAÇÃO FINAL: 50

CONCLUSÃO:

“Horizon: Uma Saga Americana-Capítulo 1” é mais um testemunho do talento do já veterano Kevin Costner (69 anos), como realizador e actor. Este western épico oferece-nos uma experiência cinematográfica rica e envolvente, capturando a essência do espírito pioneiro americano. Com uma narrativa poderosa, interpretações marcantes e uma produção impecável, é um filme(s) que certamente deixará uma marca duradoura no género. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos. 

JVM

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