IDADISMO: COMO PASSAR DO PRECONCEITO AO MODELO A SEGUIR

Lembrando o “mealheiro de preconceitos” que existe em Portugal, a psicóloga desportiva Ana Bispo Ramires realça o caso de Lorene Bazolo, atleta que “insiste” (imagine-se!) em realizar uma das suas melhores épocas aos 41 anos. O que culminou no passado fim de semana com o segundo melhor tempo de sempre da sua carreira, ao correr 100m em 11,14 segundos.

Segundo o Dicinário da Porto Editora, o idadismo diria respeito a “atitude preconceituosa e discriminatória com base na idade, sobretudo em relação a pessoas idosas”.

E sim, em Portugal temos um “mealheiro de preconceitos” (de toda a natureza, raça, género e religião) bem recheado.

E o desporto não é exceção.

De uma forma quase transversal, na generalidade das modalidades desportivas, a entrada na categoria dos “idosos” começa, sendo otimista, na casa dos trinta e poucos anos (em algumas modalidades, como a ginástica desportiva feminina, bem mais cedo).

Esta representação emerge da antecipação do declínio físico que ameaça surgir nestas idades, comprometendo, por isso, a capacidade do desempenho dos atletas – por esta razão, quando surgem exemplos positivos de uma adaptação superior aos contornos da idade, ela merece destaque – o Campeonato da Europa de futebol tem feito larga publicidade à idade do Cristiano Ronaldo e do Pepe por este mesmo motivo.

Mas se no futebol esta é uma realidade pouco comum, mas que, ainda assim, pode não causar tanto espanto, quando se trata de uma modalidade como a velocidade (no atletismo), tais feitos são muito mais raros e/ou até visíveis.

E isso mesmo tem acontecido na época que agora decorre com a nossa atleta Lorene Bazolo que “insiste” (imagine-se!) em realizar uma das suas melhores épocas aos 41 anos de idade, que culminou no passado fim de semana com o segundo melhor tempo de sempre da sua carreira, ao correr 100m em 11,14 segundos.

Mas será que apenas as qualidades físicas justificam uma (longa e) bem sucedida carreira desportiva? Claro que não.

O que sustenta uma carreira longa e bem sucedida são, acima de tudo, competências psicológicas como a determinação, a capacidade em manter o esforço em níveis elevados mesmo (eu diria, especialmente) quando as coisas não correm tão bem e, acima de tudo, uma vontade férrea em manter as rotinas e a disciplina diárias que são um fator de proteção elevado para a qualidade do treino físico, do (indispensável) repouso e da regeneração psicoemocional.

Dream Makers

Os atletas que se encaixam neste segmento (e temos mais!) são, curiosamente, também eles “fazedores de sonhos”… dos seus, das gerações que os sucedem e que percebem que a extensão da carreira pode ser muito mais dilatada do que imaginariam inicialmente, mas também dos nossos próprios sonhos que teimamos em “emprateleirar” porque “já não tenho idade para mudar de profissão/encontrar uma relação significativa” ou outras tantas coisas das quais abdicamos sem sequer tentar.

Estamos a iniciar um período riquíssimo de aprendizagens que podemos retirar não só da participação portuguesa no Campeonato da Europa de futebol, mas também da missão portuguesa que irá participar, já em julho, nos Jogos Olimpicos de Paris – assim seja a nossa vontade de não desperdiçar esta oportunidade.

É só pegar num bloco e retirarmos para nós próprios(as) a determinação, capacidade de trabalho e sacrifício e o entusiasmo que todos transportam e que podemos usar como inspiração para as nossas próprias vidas.

Na realidade, se há coisa que os atletas nos ensinam é como sair da “redoma do sonho” e passar à ação.

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