O avançado José Embaló, 31 anos, que está a jogar na China desde o início deste ano, conta-nos na segunda parte do Casa às Costas como foi a passagem pelo futebol polaco e o regresso ao Casa Pia, antes de jogar uma qualificação da Liga dos Campeões por um clube da Arménia e de ter experimentado o futebol da Malásia e do Líbano também. Pai de duas meninas, revela alguns episódios em que foi vítima de racismo e como os chineses vivem demasiado agarrados ao telemóvel. Sobre o futuro, diz que tanto pode passar pelo futebol, como por um curso de piloto ou a abertura de um ginásio
Em 2017/18 foi jogar para o RKS Raków da Polónia. Quem lhe abriu as portas da Polónia?
A Polónia surgiu através de um empresário, que não sei como conseguiu arranjar o meu numero de WhatsApp e contactou-me. Disse-me que o Raków estava muito interessado em mim e acreditava no meu potencial. Eles tinham visto vídeos meus no AEL Limassol, que eu nem sabia que existiam. Lembrei-me de uma conversa com o Orlando Sá, que me tinha dito que se alguma vez me aparecesse uma oportunidade de ir para a Polónia, para ir de olhos fechados, porque conseguiria projetar a carreira. Tal como ele fez na saída de Chipre para o Legia. Aquilo ficou-me sempre na cabeça. Tive outras propostas da I Liga do Chipre e da Grécia, mas optei pela Polónia.
Como foi jogar com frio e neve, ainda por cima vindo de Chipre?
No início foi um choque porque não conhecemos os truques. Na pré-época vi muitos colegas a treinar de ténis, no sintético, com 22 graus negativos e a meter sacos nos pés para o calor não sair. Eu treinava com os dedos dos pés congelados [risos]. Ensinaram-me muitas coisas.
Foi bem recebido na Polónia?
Tinha um colega, que também era novo no clube, o Andrzej Niewulis, que ficou no mesmo hotel no quarto ao meu lado e, a primeira vez que saímos para o treino, ele foi no carro dele e eu fui com o pessoal do clube, mas no regresso ele já me trouxe no carro dele e a partir daí criamos uma amizade gestual. Ele não falava inglês, eu não falava polaco, entendiam-nos por gestos. Tornámo-nos bons amigos e foi um grande apoio para mim. Ele começou a perceber um pouco mais de inglês e traduzia-me bastante coisas e ajudou-me a inserir-me também entre os polacos. Foi fundamental naquele período de pré-época.
Gostou do futebol polaco?
Adorei. Era muito físico e eu identifico-me com o estilo de jogo deles. Para mim era mais fácil, porque sou um jogador possante, e juntando a técnica e a rapidez… Adaptei-me bem.
Histórias para contar da Polónia, tem?
Já estávamos com treinos bi-diários quando ainda não tínhamos casa e o único sítio para mim e o Andrzej podermos descansar entre um treino e o outro era comprar bilhetes de cinema para descansarmos durante os filmes. Comprávamos pipocas e tudo, chegávamos lá e quando as luzes apagavam, dormíamos até à hora do segundo treino [risos].
Só tinha assinado um ano?
Assinei um ano, com opção de três. No final do 1.º ano o clube disse que não ia acionar essa opção, mas queria renovar por mais uma época. Não reagi muito bem. Foi uma má decisão minha, sinceramente. Devia ter aceitado. Mas é com esses erros que crescemos.
Não aceitou e o que aconteceu depois?
Decidi ir para Portugal de férias e por lá fiquei durante uma época em que reencontrei o presidente do Casa Pia, era a primeira época do Rúben Amorim como treinador. Vi uns treinos, achei muito interessante e fiquei lá.
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